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Assoalho pélvico vira foco de tratamento preventivo visando bem-estar e saúde sexual

31/10/22
Assoalho pélvico vira foco de tratamento preventivo visando bem-estar e saúde sexual

O amadurecimento de uma mulher é acompanhado por marcos que sinalizam grandes mudanças no corpo: menstruação, gravidez, pós-parto, puerpério e menopausa são alguns deles. Em todos esses eventos, está presente e atuante uma importante região do corpo, o assoalho pélvico, da qual, curiosamente, até pouco tempo atrás quase não se falava sobre – um tabu, talvez por associar o lado íntimo da mulher com questões relacionadas à idade. 

Ainda bem que isso está mudando: o assoalho pélvico entrou na rota dos cuidados que visam bem-estar e tem sido um positivo alvo de preocupação quando se trata da saúde da mulher, com novos tratamentos e tecnologias para manter a região em seu melhor estado, além de celebridades como Meghan Markle e Ashley Graham falando abertamente sobre o assunto, o que ajuda a desmistificar. 

Antes de mais nada: o que é o assoalho pélvico? É um grupo de músculos e de ligamentos conectados a toda a estrutura óssea da bacia que, juntos, são responsáveis pela sustentação dos órgãos abdominais e pélvicos. As maiores questões relacionadas a um assoalho pélvico que não está em sua melhor forma são incontinência urinária e disfunções sexuais e, apesar do enfraquecimento da região estar associado ao envelhecimento, outros fatores podem interferir em diferentes fases da vida – por isso, independente da sua idade, é válido um olhar mais atento para essa região.

O número de mulheres com incontinência urinária causada pelo enfraquecimento do assoalho pélvico, por exemplo, é altíssimo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a perda de controle da bexiga atinge cerca de 35% das mulheres com mais de 40 anos e 40% das gestantes. Estudos mostram que essa condição chega a afetar mais de 80% das mulheres, e quase quatro em cada dez entrevistadas relatam se sentir “infelizes” ou “insatisfeitas” com a situação. Outra pauta muito associada a problemas no assoalho pélvico são as disfunções sexuais, como dificuldades na resposta sexual, no desejo e no orgasmo. 

Os desafios do assoalho pélvico

Entre os maiores desafios que o assoalho pélvico pode enfrentar estão o parto, o envelhecimento e a menopausa. Segundo a ginecologista Aline Ambrósio, qualquer tipo de parto pode ter consequências como incontinência urinária e disfunções sexuais. “O uso de fórceps (que pode ser aplicado para auxiliar a retirada de um bebê do útero) ou vácuo extrator nos partos onde ocorrem grandes lacerações musculares pode deixar a mulher com dificuldade para sentir prazer na relação sexual, por afastar ou alargar a musculatura”, diz a médica. 

Por conta disso, o cuidado preventivo na gestação já é preconizado há alguns anos. A partir da 29a a 30a semana, muitas gestantes são encaminhadas a especialistas para fazer um treinamento do assoalho pélvico, aprendendo a contrair e relaxar os músculos. “Isso comprovadamente diminui as lesões do músculo no trabalho de parto, tanto no normal como no parto cesárea. Nos dois casos, o estiramento do útero, que ocorre com o crescimento do feto, causa lesões nos ligamentos que sustentam os órgãos pélvicos. Assim, fortalecer e aumentar a consistência da musculatura, para evitar complicações, é realmente preventivo”, comenta a médica.

O envelhecimento também pode causar o enfraquecimento da musculatura do assoalho pélvico. “A partir dos 40 anos, a mulher vai perdendo massa muscular e colágeno, responsáveis por manter os ligamentos com sua função plena. Com isso, ocorre uma descida dos órgãos pélvicos, útero, bexiga, reto e da parte final do intestino para dentro da vagina, o que chamamos de prolapso genital e é popularmente conhecido como bexiga caída”, diz Aline. Esse afrouxamento da região, como você já deve imaginar, é responsável por questões como incontinência urinária e disfunções sexuais.

As mudanças trazidas pela menopausa também impactam o assoalho pélvico. Nesta fase, além da perda de colágeno natural da idade, há ainda mais perda de massa muscular por questões hormonais, com a baixa de estrogênio e testosterona. Isso faz com que a posição adequada dos órgãos na pelve mude, aumentando a chance de incontinência de urina e outras alterações. 

Para o sexo, na menopausa há normalmente uma redução da lubrificação natural causada pela queda hormonal, o que pode trazer dor e contrações involuntárias da musculatura da região e consequentemente causar a queda da libido e do prazer. Na falta da lubrificação natural, os lubrificantes podem ajudar, já que reduzem o atrito, evitando dor, irritação e fricção desconfortável. No mercado, há opções que promovem hidratação e equilíbrio do pH, como os das marcas Feel, Lubs, Pantynova e INTT Cosméticos, e outros que agregam sensações especiais, como o Jambu Vibes, da Lubs, e o Booster Excitante, da Pantynova, que exploram os efeitos provocados pelo jambu. Já o recém-lançado hidratante intravaginal da KY promete aumentar a lubrificação local por 72 horas e restaura a umidade natural da vagina com vitamina E e ácido láctico – este ácido, aliás, de origem natural, também é encontrado na mucosa e, além de hidratar, retém água na parede da vagina e ajuda a manter o pH da área íntima, proporcionando uma sensação de conforto.

Os cuidados incluem a prática de exercícios que fortalecem o core, como pilates, e alternativas de tratamento com auxílio de tecnologia avançada.

Cuidados e tratamentos

Para evitar problemas conforme o avanço da idade, é preciso saber como cuidar dessa região do corpo – e isso deveria acontecer desde bem cedo. “A primeira coisa é não viciar a musculatura a ficar tensa o tempo inteiro. É importante ensinar as crianças a forrar o vaso sanitário para fazer xixi fora de casa, e não ficar de cócoras ou agachada fazendo força – e principalmente fazendo aquele puxo, pressão para expulsar o xixi”, recomenda Aline. Durante a adolescência, é indicado criar consciência de como contrair o assoalho pélvico e relaxar durante a atividade física. Ao longo da vida, a prática de exercícios que fortalecem o core e aumentam a consciência sobre a região, como pilates e ioga, também traz benefícios. Sem falar nos exercícios de Kegel, conjunto de atividades específico para fortalecer o assoalho pélvico, e no pompoarismo, que podem ajudar, mas devem ser feitos com direcionamento de um fisioterapeuta.

Com o avanço da tecnologia e a maior preocupação com a saúde e o bem-estar feminino, o campo de estudos sobre assoalho pélvico cresceu consideravelmente e, com isso, estão sendo criadas alternativas mais avançadas para o cuidado da região. Exemplo disso são os tratamentos com radiofrequência, indicados principalmente no pós-parto e na menopausa. “O aparelho faz um aquecimento da região vaginal, da mucosa e da musculatura, resultando em melhora na tonificação local”, explica a ginecologista Mariana Rosario.

No Kurotel, spa médico localizado na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, tem feito sucesso o aparelho EMSELLA, indicado para o tratamento da incontinência urinária e fortalecimento geral da região. Ele lembra uma poltrona e possui tecnologia eletromagnética de alta intensidade e focalizada, chamada HIFEM, que causa a estimulação muscular profunda e intensa do assoalho pélvico e da bexiga. De acordo com o spa, o tratamento equivale a fazer 11.200 exercícios de Kegel (conjunto de atividades para fortalecer esses músculos do assoalho pélvico) e, com isso, melhora o tônus e a lubrificação íntima da mulher. 

O protocolo preconizado para o aproveitamento máximo do EMSELLA são 6 sessões. Entretanto, a percepção de melhora já acontece com apenas uma sessão em casos de incontinência leve, afinal são 11 mil contrações feitas pelo aparelho em uma duração de 28 minutos. É importante respeitar uma pausa de 48h entre as aplicações.

E para suavizar os contratempos causados pela incontinência urinária, alguns produtos têm sido lançados também. Fora do Brasil, a marca Hazel produz calcinhas absorventes que foram projetadas por designers de moda junto com um cientista da Johnson & Johnson para quem tem “escapes” de xixi. A ideia é que a peça íntima fosse tão high-tech quanto elegante. “Garantimos que as mulheres podem malhar, fazer longas viagens de avião ou de carro, trabalhar em tempo integral e enfrentar tudo que precisam ao longo do dia”, comenta a fundadora da marca.

No Brasil, a Pantys criou a Dry, calcinha absorvente reutilizável para incontinência urinária moderada. Com tecnologia no forro, a marca garante absorção de até 100ml de urina para que o escape não seja uma preocupação.

Baárbara Martinez é jornalista, apaixonada por tudo que envolve muuuito brilho, skincare, botas e festivais de música.

{Foto: Anna Shvets / Pexels e reprodução Instagram @kuroteloficial}

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