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Salões de beleza sustentáveis são inspiração para mudanças na área

23/05/22

Para que uma mulher morena fique loira, um salão de beleza normalmente usa 250g de papel alumínio. Pense agora: só em São Paulo, existem 65 mil salões. Se cada um deles fizer um reflexo por dia, mais de 65 toneladas de papel alumínio serão descartados no meio ambiente. “O lixo da beleza é muito grande, mas nós não olhamos para isso.” A conclusão óbvia é de Cris Dios, que me fez a conta acima para ilustrar o quanto os salões de beleza brasileiros ainda estão desconectados da urgência ambiental que vivemos. Para sorte do Brasil, ela é um dos expoentes globais do mercado de salões de beleza preocupados com a sustentabilidade, e deve representar o Brasil na COP27, a 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em novembro no Egito.

Mas o que um salão de beleza faz na COP? O principal espaço político para debater compromissos e soluções para frear as mudanças do clima busca no mundo todo, por meio de ONGs que atuam como “olheiras”, instituições e pessoas que possam contribuir para o debate. Foi assim que a ONU chegou a Cris Dios, dona da rede Laces, que engloba um ecossistema de salões e tratamentos saudáveis para cabelos desde 1987.

Cris conta que foi pega de surpresa pelo convite para apresentar o case do Laces em dois painéis da COP27. “Apesar de ESG ser uma prática desde sempre para nós, não temos uma cadeira exclusiva de sustentabilidade. Então, para levar à COP, estamos fazendo um levantamento de dados de tudo que já fizemos com relação à água, a produtos e a causas sociais para formar nosso case”, conta Cris, referindo-se ao termo da vez no mundo empresarial, ESG, que se refere ao conjunto de práticas sociais, ambientais e de governança praticados por uma empresa.

O Laces nasceu como um salão de beleza focado na oferta de tratamentos naturais para os cabelos – e essa preocupação com a natureza foi se refletindo em todo o negócio, não só nos tratamentos, mas também no espaço do salão, no uso da água, na estrutura física. O negócio foi crescendo e hoje é composto por 8 hair spas Laces, o salão da marca Aveda (que é administrado pelo Laces) e o Projeto Bioma, uma consultoria para converter salões “normais” na sua versão mais sustentável possível, funcionando quase como um selo que atesta as práticas de governança. “Ajudamos o salão, por exemplo, a parar de usar produtos químicos, trocar processos não-biodegradáveis por outros que o sejam, incentivamos a logística reversa”, explica Cris.

Salões de beleza tem muito a evoluir quando o assunto é sustentabilidade

A experiência da família Crepaldi no salão NaBahia, em São Paulo, mostra um pouco de como uma gestão inovadora pode ser impactante para muita gente (de funcionários a clientes) e para a comunidade ao redor. Lá, não há lixo que não tenha seu destino pensado – restos de tinta viram combustível para a indústria de cimento, cabelo cortado vira peruca ou mantas que são usadas para a contenção de manchas de óleo do mar e esmalte vira solvente para a indústria.

A responsável pela revolução nesse salão, que tem hoje 50 funcionários e foi criado há 16 anos, é Ruchelle Crepaldi, filha da fundadora, Lenir Bragantin (ex-braço direito do cabeleireiro Wanderley Nunes). Foi ela que, quando tomou as rédeas da administração, fez cursos profissionalizantes para atuar na área, e foi aprendendo sobre como inovar no posto.

Ruchelle conta que logo que começou a implementar processos de separação de lixo no salão, os funcionários não se mostraram tão engajados quanto era preciso. Mas depois de um encontro da equipe com a Cooperativa do Glicério (de catadores de material reciclável), tudo mudou. “Eles entenderam que o que é lixo para o salão, para eles é ingrediente fundamental do sustento de muitas famílias. Essa conversa, de forma muito rápida e fácil, sensibilizou a equipe e mostrou que lixo tem valor, mas só se for encaminhado corretamente”, conta Ruchelle.

No NaBahia, uma gestão inovadora levou o salão de beleza a praticamente zerar o lixo comum.

As mudanças no NaBahia foram acontecendo aos poucos. Contrataram a empresa Beleza Verde para fazer o recolhimento, processamento e encaminhamento do lixo (dos mais “simples”, como papel e plástico, aos mais difíceis de lidar, como sprays de cabelo), passaram a armazenar cabelos, restos de coloração, fizeram uma composteira para o salão. “Quando vimos, só estávamos enviando o lixo do banheiro para o lixo comum.” 

A impressão que dá ao ouvir sobre onde o mercado de salões de beleza está hoje, e da revolução que pode acontecer em cada negócio quando a sustentabilidade passa a ser um padrão, me lembra da chegada da tecnologia digital aos bancos tradicionais: a novidade chega e muda tudo, inclusive os hábitos dos clientes, colocando o mercado em questão em dia com seu tempo. Você deve se lembrar da revolução que foi poder fazer operações bancárias do seu computador ou celular. Será que a sustentabilidade tem o mesmo poder, de sacudir e trazer os salões para o novo momento do mundo? Apostamos que sim!

{Fotos: Divulgação Laces, Fabio Zanzeri e reprodução Instagram @lacesandhair e @nabahia}

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