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Hi, Barbie! Filme é um evento que vale participar

31/07/23
Hi, Barbie! Filme é um evento que vale participar

Assim como outros 4 milhões de brasileiros, assisti ao filme Barbie nesse final de semana. Desde que o filme chegou aos cinemas, no dia 20 de julho, as redes sociais foram inundadas de comentários muito apaixonados de quem gostou e de quem odiou. No geral, os comentários negativos são o puro suco do machismo. Inimigos do riso.

Devo adiantar que eu faço parte do primeiro grupo e não vou dar spoilers nesse texto. É legal ir ao cinema e ter sua própria experiência. Não pretendo estragar isso pra quem ainda não viu. Podem ler sem medo.

Para quem não sabe a sinopse do filme, a história aqui é centrada no drama da Barbie estereotipada (Margot Robbie, excelente), aquela que todos nós imaginamos quando ouvimos o nome Barbie. Em meio à sua vida perfeita em Barbieland, ela passa por uma crise existencial. E essa crise gera “defeitos” físicos nela. Com o objetivo de resolver essas questões, Barbie deixa a Barbieland acompanhada de Ken (Ryan Gosling, também ótimo) e viaja até o mundo real. E é nessa jornada que a magia do filme acontece, enquanto a própria Barbie vai descobrindo que os defeitos, as imperfeições e as nossas vulnerabilidade são justamente o que humanizam a gente. 

Uso a palavra magia no sentido literal. O filme é esteticamente lúdico, fantasioso, com cenários e figurinos que fogem propositalmente do realismo. A ideia de fato é transportar o espectador para outro mundo, um universo que até então só conhecíamos pelas miniaturas dos brinquedos da Mattel. A diretora Greta Gerwig fez a escolha de usar efeitos práticos, com cenários de tamanhos desproporcionais. A ideia era fazer os atores parecerem grandes no espaço, mas pequenos no geral. Nada de chroma key. O desenho de produção ficou com Sarah Greenwood e a decoração do set com Katie Spencer. A direção de arte é primorosa, pop, colorida, viva e nada cansativa.

Todo visual do filme compõe muito bem uma narrativa esperta, leve, inteligente e recheada de diálogos muito divertidos. Barbie é uma comédia que não tem medo de tocar em assuntos difíceis, nem de criticar a própria Mattel. O filme discute abertamente, por exemplo, o papel que a boneca exerceu na vida das meninas ao reproduzir um ideal físico inatingível. O roteiro de Greta Gerwig e Noah Baumbach é hábil em criar um discurso feminista claro sem ser chato, pretensioso ou dar sermão. Não é um TCC, e sim uma viagem deliciosa. Se você já está letrado em estágios avançados de estudos feministas, vai rir bastante. E se você ainda sabe pouco sobre o assunto, vai se entreter com um ótimo filme.

Os personagens carismáticos e as atuações do elenco inteiro também exercem um papel crucial no filme. Tudo está a serviço de uma narrativa que prende o espectador do início ao fim. Ninguém tem medo de ser exagerado e ridículo aqui. É um filme que conversa com públicos bem distintos. E acredito que esse seja o maior mérito dele.

A diretora e roteirista, Greta Gerwig, subverte algumas lógicas, e enquanto roteirista e operária do audiovisual, só consigo imaginar a luta que foi para ela e para Margot Robbie (também produtora do filme) aprovarem a história que chegou aos cinemas. Até uma obra com esse orçamento ver a luz do dia são muitas e muitas negociações com executivos. Negociações que vão desde um figurino até a troca de uma palavra num diálogo. Altos investimentos também geram fortes pressões para todos envolvidos. O esforço compensou!

No final, Barbie é a prova de que sim, é possível fazer um filme muito bom, popular, engraçado, memorável e inteligente dentro de um grande estúdio. Barbie diverte muito e mobilizou um grande público de diferentes idades a ir ao cinema novamente, vestindo seu lookinho rosa. Sim, eles vão vender muitas bonecas. Sim, o estúdio e a Mattel vão lucrar muito. Ainda estamos todos inseridos no mesmo sistema capitalista. Não digo isso de maneira conformista, mas fomos todos jogados aqui, e tentamos aproveitar a vida da melhor forma possível. 

Considerando tudo isso, o saldo é muito positivo. As pessoas se conectam com a narrativa e com os personagens. Quando a sessão termina, estamos falando dos diálogos, das piadas e das cenas. É a maneira como uma boa história é contada que ainda prevalece. 

Pessoalmente, achei um alento sentar na cadeira do cinema e rir por duas horas cercada de pessoas que também estavam se divertindo. Durante a pandemia, isso parecia uma experiência bem distante. Mas cá estamos. Barbie é um evento agradável e bem-vindo, que vale participar!

 

Amanda Jordão é roteirista e operária do Audiovisual. Formada em cinema pela Uff, ela é autora da série Reencarne, da Globoplay. E também escreveu a segunda e a terceira temporada da série De volta aos 15, na Netflix.

{Fotos: Divulgação Warner Bros}

Comentários

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One reply on “Hi, Barbie! Filme é um evento que vale participar”

Amei o texto. Me senti representada. Assisti o filme 2x e assistiria novamente.

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