Se vocês me dão licença, vou contar uma breve história aqui.
Eu nasci e comigo veio o gene do cabelo ruim. Ele não é daqueles crespos, não faz cachinhos, não é liso, ele é uma massa indefinida e volumosa, com um toque de frizz. Durante a minha infância e um bom tempo da minha adolescência eu tive esse cabelo ruim mas tipo assim, nunca fui infeliz. Ele era uma realidade, minha irmã também tinha (unidas na genética!) e eu basicamente vivia de cabelos presos, dava uns jeitos e tal. Lá pelo ano de 1999 eu descobri o tal relaxamento (ou amaciamento, como a gente chamava na época), que melhorou um pouco a situação, e a partir dos anos 2000, aos 14 anos, eu virei a pessoa que faz escova toda semana, era o jeito. E demorava…. E eu chegava em casa e já tava armado de novo, e tinha que fazer touca e usar lenço pra abaixar a juba. Já deixei de nadar na casa da amiguinha porque não queria estragar o cabelo E ETC. Meus queridos e palhaços amigos amavam me encher por causa do pobre cabelo, roubavam a faixa que eu usava pra ir no colégio – nas vezes que não dava pra fazer escova e minha raiz tava complexa -hahaha e mesmo passando por tudo isso eu não fiquei traumatizada, sempre dei risada e pronto.
Porque gente, eu não tenho vocação pra esse tipo de infelicidade. E acho, de verdade, que toda essa experiência ajudou a construir a minha personalidade e quem eu sou hoje em dia. Tenho orgulho do meu passado cabelo-juba, dou risada quando lembro dos meus amigos enconstando no meu cabelo e fingindo que tinham “machucado” o dedo e sou feliz porque aprendi a lidar com os fios depois disso tudo. Sei lá, coisas assim na infância constroem caráter – e claro que no lugar do cabelo tem mais um milhão de “traumas em potencial”. Tanto não me traumatizei que quando apareceu a chapinha japonesa, que deixava o cabelo escorrido, não quis fazer – e olha que o processo “ser feliz com o cabelo” ainda tava em curso!!
E por que eu to falando isso tudo? 2 razões. Vejo por aí e recebo alguns emails de meninas que querem consertar o que não tem jeito. Tem como diminuir o nariz com maquiagem? Não o suficiente, mas nariz é uma coisa tão única, deixa o coitado lá, é personalidade. E esconder sardas? Coitadas das sardas, não é melhor aceitá-las do que viver com uma camada grossa de base por cima? Cabelo ruim até tem jeito, mas você nunca vai ficar 100% satisfeita se não aceitar as coisas “diferentes”.
Agora razão 2, e eu sei que vou levar bronca (principalmente do meu namorado e da minha mãe) porque “não pode dar ouvidos pra esse tipo de coisa” mas fiz esse post em homenagem a uma infeliz que deixou um comentário aqui no blog me “avisando” que eu sou feia, que meu cabelo é horroroso e que eu preciso urgente de uma plástica no nariz. Eu não quero confete e eu sei que isso pode ser inveja, mas me faz pensar. Acho engraçado ver uma pessoa que para o que tá fazendo pra ofender/chatear/agredir a outra. E a gente sabe que isso tá rolando de monte nos blogs, tá na moda falar mal nos comentários… tenho tantas amigas que já foram “destruídas” por pessoas sem noção, porque ser anônimo e xingar a outra é tão fácil né? Elas acham que isso é ter opinião.
Eu acho triste que tenha gente assim no mundo, mas o bom é que pra compensar tem MUITA gente que sabe o valor de um elogio e que sabe como é gostoso espalhar amor e sentimentos bons, e eu sempre vou focar nessas, porque tenho uma tendência a ser otimista. Mas juro que dei risada quando a fofa falou do meu cabelo. Ah minha filha, se você soubesse…
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