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Skinification dos cuidados capilares e das unhas

31/10/23

Não é de hoje que a indústria cosmética usa matérias-primas similares para propor cuidados distintos. Na maquiagem é onde mais temos visto isso acontecer – não faltam batons, bases, corretivos, blushes e afins que levam na fórmula ativos famosos no cuidado dermatológico. Cada vez mais, não basta ter apenas cobertura ou pigmentar. A make dos anos 2020 também precisa hidratar, nutrir, restaurar, dar viço, reduzir manchas, etc. Se pensarmos que os batons de Cleópatra já levavam ceras naturais, que sabemos que ajudam a manter os lábios hidratados, é possível pensar que ali já havia uma semente do link entre o skincare e os outros cosméticos. O skinification, ou skinificação, é justamente esse movimento de emprestar do cuidado facial ativos consagrados para outras categorias como maquiagem, cabelos, unhas. E apesar disso estar consolidado no mundo das makes, nos cuidados capilares e na manicure é um fenômeno mais recente. 

Segundo Bruna Ortega, especialista em tendências e beleza do WGSN, bureau de trends mundiais, a skinification foi apontada já em 2018 como um rumo, e acabou acelerada pela pandemia. “A ‘skinificação do cabelo’ está crescendo à medida que os consumidores adquirem conhecimento sobre produtos e ingredientes para a face e procuram aplicar o mesmo rigor e rituais aos cabelos, mãos e outras partes do corpo. Durante a pandemia, os consumidores estavam mais interessados no bem-estar e nos cuidados diários, com maior atenção aos fios e ao couro cabeludo (devido ao aumento da queda capilar). Assim, como em outras categorias de beleza, o surgimento de produtos com a infusão de ingredientes usados no skincare levou à ‘skinificação’ da saúde capilar, introduzindo novos formatos e rotinas aprimoradas. Dessa mesma forma, os ingredientes e o know-how dos cuidados faciais foram aplicados nos tratamentos para as mãos”, conta

Nessa equação, ainda existe um componente geracional para esse momento da skinificação. A geração Z como fatia consumidora jovem faz com que as marcas fiquem de olho em seus comportamentos de compra. E a Gen Z é mais conectada às redes sociais. De acordo com Bruna, ela é inclusive conhecida pelo seu status ‘skintellectual’, sendo extremamente bem informada sobre todas as coisas do mundo da beleza e skincare. Consequentemente, para chegar a esse público, é preciso skinificar.

Faz sentido ou é mais uma jogada de marketing?

Em um mercado de beleza inundado por trends que nem sempre fazem sentido senão pelo apelo de marketing, é comum a gente ficar desconfiada. No entanto, emprestar ativos de skincare para o cabelo faz sentido uma vez que as estruturas da face e do couro cabeludo possuem similaridades. Maria Eugenia Ayres, farmacêutica que atua no setor magistral desde 2000 e Gerente Técnica da Biotec, explica as semelhanças. “Ambos possuem três camadas principais – epiderme, derme e hipoderme, que desempenham papéis na proteção, regulação da temperatura e sensibilidade. Tanto o rosto quanto o couro cabeludo têm folículos pilosos. No couro cabeludo, esses folículos produzem cabelo, enquanto no rosto, podem produzir pelos faciais. Essas áreas também possuem glândulas sebáceas que produzem óleo para lubrificar e proteger a pele e o cabelo. A pele facial e do couro cabeludo são sensíveis ao toque e podem responder. Elas têm uma rede de vasos sanguíneos que fornecem sangue rico em oxigênio e nutrientes para as células da pele”, diz. 

No entanto, bem como semelhanças, também há diferenças, como aponta Dr. Danilo Talarico, dermatologista, professor do Instituto da Pele de São Paulo (IPSP-Centro Universitário Ítalo Brasileiro) e da Faculdade Primum em Dermatologia, Tricologia, Transplante Capilar (Cirurgia Capilar) e Medicina Estética. 

“A espessura total se difere, principalmente na camada mais externa, a camada córnea, que é mais fina no rosto. A vascularização é mais robusta no couro cabeludo, devido aos grande número de folículos pilosos terminais, mas a absorção de ativos é melhor na pele da face”. Maria Eugenia complementa: “Além disso, a face é frequentemente mais exposta ao ambiente, o que também pode torná-la mais suscetível à absorção de poluentes e substâncias externas. Já o couro cabeludo, tem uma camada de pele mais espessa e é frequentemente coberto por cabelos. Isso pode dificultar a absorção de produtos tópicos. Ele pode ter uma maior concentração de glândulas sebáceas, que produzem óleo, o que também afeta a absorção de ativos. Por isso, cada vez mais existe a necessidade de utilizar produtos altamente biodisponíveis e que contam com tecnologias de ponta em sua fabricação”. 

Levando em consideração as similaridades e diferenças entre face e cabelo, Dr. Danilo sugere que, em linhas gerais, os ativos de cosméticos para o couro cabeludo precisam estar em maior concentração ou em formas mais permeáveis – moléculas menores – para se conseguir um resultado satisfatório, quando comparados aos produtos para o rosto. 

Top 10 ativos para skinificar seu couro cabeludo

Pedimos para o Dr. Danilo, Maria Eugenia e para a Dra. Cintia Guedes, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), citarem alguns ingredientes interessantes para se ter nos tratamentos capilares e essa foi a lista das respostas deles.

. Ácido hialurônico: atua retendo mais água e, portanto, melhorando a hidratação.

. Ácido salicílico: eficaz na esfoliação da pele e do couro cabeludo, ajudando na remoção de células mortas e combatendo acne e caspa. Além disso, promove a desinflamação e regula a oleosidade.

. Niacinamida: consegue combater a inflamação e ajuda a controlar a oleosidade.

. Ceramidas: repõem as camadas mais externas da pele e do couro cabeludo, reparando as agressões sofridas na sua integralidade.

. Peptídeos: ajudam na reposição das cadeias proteicas que sofreram danos tanto pelo envelhecimento natural, quanto pelos fatores externos como radiação, poluição, intempéries, etc.

. D Pantenol: agente eficaz para hidratação e retenção da umidade na pele e couro cabeludo. 

. Pro Care Aox: Sistema antioxidante bioprotetor em um sistema de entrega com excelente capacidade de permeação. Atua contra o envelhecimento do couro cabeludo e pele e combate o estresse oxidativo no sistema capilar e pele.

. Ácido glicólico: quando usado no couro cabeludo, promove uma esfoliação leve, melhorando a oleosidade e dermatite seborréica. 

. Aloe vera: é um potente calmante e anti-inflamatório.

. Vitamina C: é um potente antioxidante que ajuda na hidratação e no brilho dos fios.

O skinification, ou skinificação, é justamente esse movimento de emprestar do cuidado facial ativos consagrados para outras categorias como maquiagem, cabelos, unhas.

Cuidados essenciais com o couro cabeludo

Não tem como falarmos de skinification apenas na seara dos ativos. Se ela faz sentido, é possível também pensar nos rituais para manter o couro cabeludo saudável. O descuido com ele pode levar a dermatites, descamação, caspa e prurido intenso, ou em casos mais severos, inflamação e até infecção do couro cabeludo que repercute principalmente na queda dos fios. 

Além disso, ainda existe confusão na hora do banho. Por exemplo, nem todo mundo sabe que a grande maioria dos condicionadores, das máscaras capilares e dos finalizadores não devem ser aplicados no couro cabeludo sob pena de acentuarem a oleosidade, desequilibrarem o microbioma, obstruírem os folículos capilares, etc. Apenas produtos específicos devem ser aplicados diretamente no couro cabeludo. Portanto, a recomendação geral de cuidado é:

. Lavar o cabelo diariamente ou, no mínimo, 3 vezes por semana. 

. Esfoliar semanalmente ou quinzenalmente se o couro cabeludo estiver saudável. “Isso ajuda na redução da oleosidade, remove células mortas, poluição e até resíduos de produtos usados (como pomada e gel para cabelos) e fortalece os fios. O ideal é consultar sua dermatologista para saber qual produto específico usar e a frequência exata”, diz a Dra. Cintia. Mas em linhas gerais, se o couro cabeludo for oleoso, pode ser esfoliado uma a duas vezes por semana. Caso seja normal, uma vez por semana ou a cada 15 dias é suficiente. “Quem tem dermatites ou psoríase deve evitar a esfoliação”, alerta a médica. Ela ainda indica que a esfoliação pode ser feita com xampus específicos que contenham esfoliantes físicos, como microesferas, ou químicos, como ácido glicólico, e também com escovas próprias para esfoliação. 

. Hidratar o couro cabeludo com cosméticos específicos, se necessário. “Considerando um couro cabeludo saudável, ele é perfeitamente capaz de repor sua barreira hidrolipídica autonomamente. Já considerando um que seja sensível ou esteja sensibilizado, é ideal uma reposição, sim, sendo uma ótima escolha ativos como ceramidas e ácido hialurônico. O conceito de hidratação deve ser seguido rigorosamente com produtos aquosos, e não oleosos, para não exacerbar a oleosidade do couro. Por exemplo, os ácidos hialurônicos de baixo, médio e alto peso moleculares são muito bem-vindos para o couro cabeludo”, explica Dr. Danilo

. Proteger do sol em caso de exposição. “Os raios solares podem afetar a saúde do couro cabeludo, especialmente se o cabelo for ralo ou o couro cabeludo estiver exposto. Considere usar um chapéu ou protetor solar para proteger essa área quando estiver ao sol por longos períodos. Indico o uso de Superox C, uma super vitamina C originária do Kakadu plum, que protege o couro cabeludo contra a radiação UV”, fala Maria Eugenia.

Para além do couro cabeludo, os fios

A maior diferença nem está tanto entre os dois tipos de pele que cobrem nossa cabeça, mas sim, entre elas e as hastes do cabelo. Os fios são estruturas mortas, que não possuem a mesma complexidade, vascularização e sensibilidade. Dessa forma, não são todos os ativos citados acima que vão apresentar benefícios quando aplicados nessa parte do cabelo. Dr. Danilo lembra que nas hastes, por exemplo, não existe reparação tecidual como acontece no couro cabeludo e na pele. 

“A expectativa é diferente, mas há vários benefícios sim. Um exemplo excelente são as ceramidas que executam um papel de reparar os danos causados pelas agressões nas escamas dos fios, fechando a cutícula da fibra. É um papel diferente, mas também reparador”. Dra. Cintia complementa e diz que além das ceramidas, o ácido hialurônico é outro ativo que ajuda na hidratação dos fios. Já Maria Eugenia afirma que a Vitamina C e outros ativos antioxidantes podem ajudar a proteger o cabelo dos danos causados pelos radicais livres e pelos raios UV, favorecendo, inclusive, a manutenção da cor, o brilho e a saúde dos fios. Além disso, alguns ácidos, como o ácido glicólico, podem fortalecer a cutícula dos fios, tornando-os mais resistentes a danos mecânicos e reduzindo a quebra.

Os ativos para o couro cabeludo precisam estar em maior concentração ou em formas mais permeáveis para se conseguir um resultado satisfatório, quando comparados aos produtos para o rosto. 

Ativos nas pontas dos dedos

As unhas, assim como os fios de cabelo, são estruturas mortas feitas de uma lâmina espessa de uma proteína chamada queratina, explica a Dra. Cintia. “As unhas, assim como as hastes capilares, são estruturas sem vascularização portanto sem reparação aos danos teciduais. Assim, para evitar danos físicos é preciso cuidado dobrado. A permeação de ativos nas unhas também é infinitamente mais baixa quando comparamos com a pele e mucosa”, completa Dr. Danilo. No entanto, nem tudo está perdido. “As unhas, mesmo que menos permeáveis, podem absorver pequenas quantidades de ingredientes hidratantes e nutritivos por contato. Quando aplicamos produtos tópicos, como óleos, cremes ou esmaltes fortalecedores diretamente nas unhas e cutículas, alguns dos ingredientes podem penetrar nas camadas mais externas das unhas, ajudando a melhorar sua hidratação, força e aparência”, fala Maria Eugenia. 

Para uma reparação superficial, Dr. Danilo cita as ceramidas como bons ativos, e para hidratação, a uréia, que ainda consegue ser absorvida. Dra. Cintia ainda afirma que o uso de antioxidantes pode ajudar na prevenção do envelhecimento das unhas, que também passam por esse processo, assim como a pele. “Para a hidratação das cutículas, indico o uso de Agreen Cotton Oil, óleo vegetal da semente do algodão rico em Vitamina F, que hidrata a pele ao redor das unhas, ajudando a evitar o ressecamento e o aparecimento de cutículas ásperas ou danificadas”, sugere Maria Eugenia.

Considerando todos os benefícios, faz sentido usar os mesmos ingredientes do skincare em outras partes do corpo. Já existem diversas opções no mercado que trazem os ativos consagrados para a pele para o seu boxe e sua manicure. 

Gui Takahashi é jornalista e criadora de conteúdo. Adora falar de beleza, moda, comportamento e sociedade, principalmente refletindo sobre esses assuntos e dividindo experiências pessoais.

{Fotos: Karolina Grabowska e Umay Karataş / Pexels}

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