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Três letras que fazem bem à pele

23/08/23

Sobre os nãos que eu não disse e os muitos que pretendo dizer

Três letras que fazem bem à pele

Minha amiga tem uma estratégia muito boa para não faltar à academia. Ela compara o treino ao hábito de escovar os dentes. “Pela manhã, você não se faz a pergunta ‘Tô a fim de escovar os dentes hoje?’ Você simplesmente escova os dentes”, ela explica. E tem razão. Colocar o corpo em movimento é essencial à saúde, tanto quanto a higiene dental. E ponto final. O paralelo ainda reverbera em mim, que há uma semana tenho faltado à academia.

Engraçado como deixamos de lado cuidados que deveriam ser obrigatórios. Por outro lado, nos obrigamos a fazer tantas coisas que deveriam ser naturalmente dispensáveis. Outro dia me vi num compromisso que me tomou um tempo considerável. Meu sim ao convite de um amigo ocupou o espaço de outros itens importantes de uma agenda atribulada, alguns deles urgentes. Eu poderia ter dito não, sem maiores consequências. Meu amigo poderia compreender. Eu ainda estava ali, amargando um arrependimento, quando me lembrei do bilhete que minha avó paterna manteve por anos na mesinha de telefone: “Comprar desconfiômetro”. Quando cheguei em casa, escrevi num post-it e colei na minha cabeceira: “Lembre-se de dizer não”.

O lembrete vai morar ali por algum tempo, para que eu não me esqueça de usar todos os dias essas três letras fundamentais para uma vida boa. Sim, são três letrinhas, como diria a Marisa Monte. N, A, O — e um til pra completar. Três letrinhas que, ao contrário das outras três que costumamos dizer sem pensar, nos poupam tempo e energia, nos dão mais horas de sono ou o tempo para preparar melhor o prato que vamos saborear.

Porque será que é tão fácil dizer não ao que nos beneficia, e a outras coisas fundamentais, e tão difícil dizer não para o outro? Parece que fomos condicionadas para o sim. Não nos ensinaram, não nos deram essa opção. Principalmente a nós, mulheres.

Dizer não pode ser mais honesto, mais humano e muito mais verdadeiro. E um bálsamo para a pele.

Mas a vida é feita de escolhas, esse clichê que só é clichê por ser verdadeiro. Para cada caminho que se escolhe seguir, muitos outros caminhos são descartados. Nesse mundo que não para de nos empurrar padrões, compromissos, listas, regras e novidades, o “não” deveria ser a regra e o “sim”, a exceção.

Basta fazer as contas. Se o tempo é finito, os nãos precisam ser mais frequentes do que os sins. O sim é moeda de alto valor, que precisa ser distribuída com critério e parcimônia – simples assim. Uma lógica que fica ainda mais apertada com o avançar da idade, quando faltar à academia pode significar, dentre outras coisas, menos tempo de vida pela frente.

Cada sim descortina um destino, com suas atribuições, consequências e motivos de angústia. Dizer não pode ser mais honesto, mais humano e muito mais verdadeiro. E um bálsamo para a pele.

 Quantos sins para si mesma você já deixou de dizer?

Não posso. Não vou. Não quero. Hoje não. Não é prioridade pra mim. Não tenho agenda. Não, obrigada. Dizer não é simples e indolor – para o outro, inclusive. Nada melhor para as relações do que ser transparente e sincero. O não está no dicionário e pode estar na ponta da língua. Não é ofensa, grosseria ou falta de empatia. É apenas uma das respostas possíveis. Mais do que permitido, o não é recomendável.  

 Já experimentou?

Cris Pàz é colunista do Dia de Beauté, onde publica mensalmente sobre beleza e longevidade. Publicitária premiada e escritora com oito livros publicados, ela nasceu em 1970 e é uma das precursoras da produção de conteúdo digital no Brasil. Colunista da rádio BandNews FM de BH, comanda o podcast 50 Crises (entre os destaques de 2020 no Spotify Brasil) e traz novos olhares sobre saúde mental, protagonismo feminino, maternidade, moda e longevidade por meio de suas redes e palestras.

{Fotos: Letticia Massari e cottonbro studio / Pexels}

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