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Tendências de perfumes para 2024

05/12/23

Do mesmo jeito que um perfume pode fazer você voltar no tempo em questão de segundos, um aroma pode também revelar o espírito de um tempo, traduzir em cheiro um momento específico – como uma espécie de zeitgeist perfumado. Dito isso, quais as tendências de fragrâncias que a gente vai sentir por aí em breve, em 2024? Os perfumistas da casa de fragrâncias Givaudan Shyamala Maisondieu, responsável por fragrâncias como a linha Idôle, de Lancôme, The Most Wanted, de Azzaro, e D&G Light Blue Forever For Men, e Antoine Maisondieu, criador de Prada Paradoxe, Burberry Brit for Men e Armani Code for Men, entre outras, estiveram em São Paulo e respondem a seguir.

Para onde vai a perfumaria feminina em 2024?

SHYAMALA MAISONDIEU: Eu diria que há uma grande tendência para florais brancos, que está chegando em vários lançamentos de fragrâncias finas (mesmo na cena masculina). Você tem o Myself [YSL], com um toque acentuado na flor de laranjeira, depois Paradoxe [de Prada], e Libre [de YSL] no feminino. Então, para 2024, eu diria que talvez um floral branco mais complexo.

ANTOINE MAISONDIEU: Para mim, ainda estarão fortes na perfumaria feminina as notas frutadas. Talvez um pouco mais de elegância e criatividade venham para a perfumaria masculina também. As notas clássicas continuam, mas com maior liberdade de criatividade. A perfumaria feminina se desenvolveu muito mais do que a masculina neste sentido, tem mais liberdade para fazer coisas, pois ela já foi clássica por muito mais tempo. Talvez trazer um pouco mais da feminilidade para esse universo dos perfumes masculinos seja uma tendência. As frutas para homens também serão mais aproveitadas, junto com madeira e couro, por exemplo, para contrastar. Frutas vermelhas talvez sejam mais utilizadas. Também veremos mais musgos e musk, que ainda é uma nota super moderna.

Vocês acreditam que em algum momento não falaremos mais de perfumaria feminina ou masculina, mas apenas em perfumaria sem gênero?

SM Acredito, sim, que provavelmente se falará mais em perfumaria sem gênero. Mas para mim é uma tendência que já existe há muito tempo, se pensarmos no CK One [Calvin Klein] e no Jicky, da Guerlain. Também conheço mulheres que só querem usar fragrâncias masculinas e homens que amam florais. Já existem muitas marcas que não escolhem um gênero quando comercializam uma fragrância. Ela pode não ter gênero, independentemente do que as pessoas dizem e de como querem comercializá-la, e para mim esse é o poder da fragrância. Porque no fim, quando você usa algo, as pessoas não sabem se é um perfume masculino ou feminino ou sem gênero. No entanto, penso que a necessidade das pessoas se sentirem femininas e masculinas é algo que permanecerá e continuará, por isso não vejo esta tendência da perfumaria sem gênero ultrapassar a necessidade de ter fragrâncias masculinas e femininas. Acho que as três categorias têm o direito de existir.

AM Acredito que vamos ter os dois, sempre. A perfumaria de nicho quase não fala mais de sexo, essa tendência já está vigorando. As pessoas insistem que não existe mais gênero, mas acho que os jovens na verdade se apropriam de códigos (e acessórios, peças de roupas…) dos gêneros opostos. Quando se escolhe algo que é atrelado a outro gênero, automaticamente você está falando sobre gênero. Os gêneros continuam existindo, mas sem barreiras. No entanto, acredito que na perfumaria vamos sair um pouco dos códigos, falar mais sobre preferências, independentemente de gêneros. Os jovens não querem ser rotulados, isso não significa que não gostem de coisas masculinas ou femininas, mas sim que querem usar apenas o que eles se sentem bem. Eles gostam de provocar, de ousar e da experiência de coisas novas, independentemente se um homem prefere perfumes tradicionalmente mais atrelados ao feminino, ou vice e versa.

Se houvesse “a nota olfativa do ano”, como existe a cor do ano da Pantone, qual seria?

SM Para este ano eu diria as notas leitosas e almiscaradas. Sinto muitas frutas e florais envoltos em notas almiscaradas muito sensuais.

Como a sustentabilidade vem influenciando o mercado de perfumaria?

SM Já há algum tempo que nos preocupamos com questões de sustentabilidade, eu diria desde a década de 1990, quando ocorreu uma exclusão de exportação de sândalo natural da Índia. Muitas empresas pretendem garantir que as matérias-primas que utilizamos são produzidas com uma preocupação ética. Existem ainda estudos realizados utilizando métodos mais modernos, como a biotecnologia, para diminuir o espaço necessário, para melhorar a qualidade das matérias-primas. Para a indústria da perfumaria, a preocupação com a sustentabilidade é um processo contínuo.

A perfumaria de nicho quase não fala mais de feminino e masculino. Os jovens não querem ser rotulados, querem usar apenas o que eles se sentem bem.

Como vocês definem uma perfumaria de nicho?

SM A perfumaria de nicho é uma forma diferente de criar perfumes. É um escopo grande, uma proposta afastada do mainstream [a perfumaria “convencional”]. É mais caro, isso não é um segredo – mas algumas marcas de nicho oferecem perfumes de altíssima qualidade, seja na composição da fragrância, seja no design da embalagem, ou ambos – e tudo isso tem um preço. Usar ingredientes caros também é uma forma de se expressar e, se for bem feito, acho que é uma ótima maneira de destacar uma matéria-prima. Todos os insumos naturais são caros, pois há custos trabalhistas para produzi-los. Nas novidades mainstream nós as usamos, mas em menor quantidade, o que pode explicar a diferença de preço entre um produto de uma marca de nicho e o de um produto mainstream. De certa forma, é como comprar vinho, você pode adquirir algo que é bom até por um preço mais baixo, mas se decidir optar por um produto mais raro, terá que pagar o preço.

E a alta perfumaria? Do que se trata?

SM Alta perfumaria é apenas um nome para diferenciar a experiência que você tem na compra de um perfume. Poderia vir da Dior ou da Louis Vuitton, com os frascos mais caros e a composição da fragrância mais cara, mas também poderia vir de marcas de nicho, como Ex Nihilo, que oferece altíssima qualidade, a partir da experiência em suas boutiques até o frasco e o design da fragrância.

A customização – quando o cliente mistura fragrâncias criando a sua própria – deve se manter como uma tendência?

SM Eu realmente não vejo isso como uma tendência, mas sim como uma forma para quem quer experimentar por conta própria, um pouco como tocar seu próprio violão em vez de ir a um show. Ambas as maneiras são boas, desde que você goste.

A gente tem visto casas de perfumaria inglesas se destacando no mercado. No que elas diferem das casas tradicionais francesas?

SM Ah, acho que cada país tem gostos e formas diferentes de construir uma fragrância. Tomemos por exemplo a Itália, o Brasil e agora a China, que também estão entrando no mercado com grandes marcas. A Inglaterra tem uma história de perfumaria tradicional diferente da francesa no sentido de que prestam atenção em ingredientes diferentes. Eu diria que enquanto os franceses gostam da flor de laranjeira e do lírio, os britânicos gostam de rosas, gerânios e peônias. Mas este é apenas um exemplo muito simples. Como a perfumaria é muito complexa, provavelmente precisaríamos escrever uma tese para explicar a diferença de fragrâncias, pois isso está ligado às diferenças culturais entre países. Podemos sentir tantas diferenças entre países e conhecer um pouco da sua cultura por meio dos perfumes.

{Fotos: Anna Shvets e Marek Mucha / Pexels}

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