Óleos de alecrim e rícino: solução para um cabelo mais longo?

20/09/23

Ter cabelos longos e saudáveis é o desejo de muitas mulheres, e o uso de óleos capilares é uma nova tendência nessa jornada.

Para se ter uma ideia, a #rosemaryoil (óleo de alecrim, em inglês) no Tiktok já conta com mais de 2 bilhões de visualizações, e muitos desses vídeos são de pessoas que estão em busca de crescimento capilar ou algo que auxilie contra a queda dos fios.

Além do óleo de alecrim, o óleo de rícino também está em alta. Apesar da medicina ainda não ter comprovado definitivamente a eficácia deles, um estudo publicado em 2015 comparou a ação do óleo de alecrim ao minoxidil (medicamento que auxilia no tratamento de queda de cabelo) por sua capacidade de melhorar a circulação no couro cabeludo e até mesmo estimular a renovação celular (estudo aqui).

E como a gente fica com tudo isso? Para resolver essa pergunta e para te ajudar a não desperdiçar seu tempo e dinheiro, falamos sobre o assunto com a Dra. Livia Salviano (@draliviasalviano), tricologista da Clínica Hofbauer.

1 . O óleo de rícino e o óleo de alecrim realmente auxiliam no crescimento capilar?

Ainda não temos estudos substanciais para podermos afirmar isso. O crescimento e a perda de cabelos podem ser afetados por vários fatores. A inflamação é um dos eventos associados à etiologia das alopecias, então ervas com propriedades anti-inflamatórias talvez possam ser candidatas promissoras, mas isso ainda não foi totalmente comprovado.

2 . Quais propriedades eles têm?

Ambos apresentam propriedades antioxidantes, antiinflamatórias, antibactericidas e antifúngicas. O óleo de rícino tem também uma mistura de proteínas, vitaminas e ácidos graxos, podendo ser usado para prevenir danos à haste (o fio capilar). Já o óleo de alecrim é antiespasmódico (relaxante) para as células musculares, o que em teoria tem o poder de aumentar a circulação de sangue para os folículos, ajudando na queda capilar.

3 . Como deve ser feita a aplicação?

O óleo de rícino é um potente “blend” nutricional, sendo uma opção para nutrição dos fios. Tem consistência mais pegajosa, então é bom usar com moderação no começo, para evitar que atinja áreas sensíveis como olhos e nariz, e também evitar que o cabelo fique gorduroso e pesado demais. Já o óleo de alecrim, pensando nas suas propriedades estimuladoras de circulação, teria seu melhor potencial de uso no couro cabeludo (onde moram os folículos pilosos) e não propriamente nos fios.

4 . Precisam ser diluídos?

Não precisa diluir! Aqueça o óleo nas palmas das mãos antes de aplicá-lo, espalhando do início do fio em direção à ponta. Deixe agir por 20 minutos e depois lave o cabelo com shampoo. Você pode molhar o cabelo com antecedência para que o óleo seja melhor absorvido. Recomendo fazer uma vez por semana.

5 . óleo de alecrim foi comparado ao minoxidil. Qual sua opinião sobre esse estudo?

Esse estudo realmente mostrou esse desfecho. Mas, temos que ser muito cautelosos ao avaliar estudos científicos. É um estudo pequeno, único e de 2015, não tivemos outros estudos robustos desde então. Ainda falta pesquisa para consolidar o óleo de alecrim com o intuito de estimular o crescimento capilar.

6 . Em quanto tempo se vê uma diferença no uso?

Considerando os casos em que as propriedades do óleo de alecrim sejam benéficas, o estudo citado anteriormente mostrou diferença na quantidade de cabelo e espessura dos fios com 6 meses de uso. Já o óleo de rícino mostra efeitos benéficos em relação à cosmética capilar já após o primeiro uso.

7 . Qual é o sinal de alerta para a pessoa procurar um tricologista?

O primeiro sinal de incômodo ou desconforto com seus cabelos ou com couro cabeludo já é motivo para visitar um tricologista! Alguns sinais de alerta: aumento da queda de cabelo, perda ou redução da quantidade de cabelos, afinamento dos fios, quebra, alteração de textura, coceira, sensibilidade, dor ou feridas no couro cabeludo, afinamento ou rarefação de sobrancelhas, cílios e pêlos corporais. Se tem algum deles, corra, que tempo é cabelo!

8 . Quais são os maiores causadores da queda de cabelo?

É importante diferenciar se está ocorrendo queda propriamente dos fios (por exemplo, aumento da quantidade de fios no pente, no ralo do banheiro) ou se os fios estão desaparecendo aos poucos e o cabelo ficando mais ralo. Perdemos em média 100-200 fios a cada dia e é absolutamente normal!

Mas os principais são: eflúvio telógeno, alopecia androgenética (calvície), falta de vitaminas, anemia, cirurgia, pós-parto, parada de anticoncepcional, infecção e estresse.

Uma curiosidade: a duração da fase de crescimento do cabelo é geneticamente determinada e fixa para cada pessoa. Isso significa que não é possível acelerar o ritmo de crescimento dos fios ou alterar o comprimento máximo que podem atingir. Quem tem fase anágena com duração mais longa consegue ter cabelos gigantes estilo rapunzel. E algumas pessoas nunca terão cabelos longos, pois sua fase anágena é mais curta.

Os óleos de alecrim e rícino têm propriedades antioxidantes, anti inflamatórias, antibactericidas e antifúngicas.

Cuidados básicos

. Lave bem os cabelos, sempre que desejar e sentir vontade. Não existe frequência certa ou errada: isso é você que determina. E lavar os cabelos todos os dias não faz com que eles caiam. Quanto mais cacheado o cabelo, geralmente é maior a tendência a ressecar, sendo assim, é menor também a necessidade de lavagens e maior a de hidratação.

. O condicionador serve para desembaraçar os fios e pentear de forma fácil. Se você não sentir necessidade, não tem problema não usar. Cabelos longos, ondulados e cacheados geralmente se beneficiam.

. Máscaras são ótimas. Respeite o descrito no rótulo, mas a maioria delas pode ser feita durante o próprio banho, agindo por poucos minutos antes de enxaguar. Se o cabelo for mais ressecado, pode usar em toda lavagem. Se não, pelo menos 1 vez por semana é suficiente.

. Ao secar os cabelos, mantenha o secador a uma distância de pelo menos 15 cm e use protetor térmico.

. As pontinhas vão ficando mais secas ao longo do tempo porque acumularam mais danos. Então, cortar com certa frequência é bacana, embora isso não faça os cabelos crescerem mais.

{Fotos: Jon Kopaloff / Getty Images for Vanity Fair, Monstera Production / Pexels e reprodução Instagram @maralafontan}