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As dores e as delícias do meu primeiro São Paulo Fashion Week

23/11/21

Esse é o relato de uma jovem jornalista que cobriu – sozinha – os quatro dias da principal semana de moda do País. Meu nome é Carolina e me formei ano passado em jornalismo, faculdade que sempre sonhei fazer. Eu já sabia há alguns anos que o jornalismo de beleza era meu mundo, mas nos últimos dias pude confirmar que tomei a decisão certa. 

Mas por que eu estou contando isso tudo? Você vai entender. Decidi que queria ser jornalista aos 10 anos e, mais tarde, os vídeos sobre maquiagem e viagem, que explodiram no YouTube, me influenciaram muito. Acompanhar de pertinho a cobertura das semanas de moda mundo afora era um dos meus temas preferidos e, aos poucos, fui alimentando a vontade de viver isso pessoalmente – até que meu dia chegou. 

Inscrição feita, credencial na mão e dicas da Vic devidamente anotadas no meu bloco de notas, lá fui eu para o Pavilhão de Cultura Brasileira do Ibirapuera. Já na porta, tinha uma fila de pessoas querendo fazer fotos no letreiro, eu queria também, mas precisava começar o meu trabalho. Cometi o erro de ir de salto e antes mesmo do dia começar, já estava arrependida. Gravei stories e entrei apresentando minha pulseira de imprensa. 

Comecei reconhecendo o ambiente: sala de imprensa – que logo virou meu lugar preferido para pegar água e sentar entre desfiles e backstages -, sala de desfile com diferentes entradas e, ao lado, uma entrada com pano preto e seguranças, com a placa: camarim. Eu estava o próprio meme do John Travolta, sem saber o que fazer e para onde ir, até que fui resgatada por uma amiga que me disse: “É só mostrar sua pulseira, você vai passar pela cortina e fica ali aguardando alguém liberar na porta de cada backstage”. Isso porque, apesar de uma só sala de desfile, aconteciam entre 4 e 5 shows por dia e cada marca tinha seu próprio backstage. 

Acompanhar de pertinho a cobertura das semanas de moda mundo afora era um dos meus temas preferidos e, aos poucos, fui alimentando a vontade de viver isso pessoalmente – até que meu dia chegou.

Entrei no camarim de um desfile que estava para começar, o da Torinno – não havia mais modelos, já estavam todas prontas em outra sala, mas só de ver a bancada cheia de produtos e os face charts com as maquiagens ilustradas, explodi de alegria por dentro. Anotei tudo e fui tentar um convite com a assessoria, que consegui faltando minutos para o show começar. 

Sentei na fila B e achei que meu coração pararia de tanta animação! Depois cobri mais um backstage e um desfile e fim do meu primeiro dia. Mas claro que o trabalho não acaba quando o evento termina: depois de coletar todas as informações, chegando em casa era a hora de olhar as fotos e anotações, escrever sobre o que vi – dos grandes momentos às miudezas – e postar tudo no Stories do @diadebeaute.

Detalhe: no dia seguinte, descobri que conseguiria entrar em todos os desfiles por ser imprensa, mas até saber dessa informação, foram horas em pé esperando que sobrasse um convite para mim. Vocês podem imaginar o arrependimento de ter ido de salto, né?

Os próximos dias seguiram da mesma forma, mas fui aperfeiçoando minha cobertura a cada backstage e desfile (e o look – sem salto). As entrevistas express com os maquiadores e cabeleireiros responsáveis pela beleza eram uma vitória. O ambiente muitas vezes ficava caótico com modelos, assessores, maquiadores, stylists, produção, e piorava quando alguma celebridade estava presente, então chegar perto e entender o conceito da maquiagem era desafiador – não vou mentir que levei algumas patadas ao longo desse processo, mas já sabia que isso podia acontecer. 

Também tive a sorte de ser muito bem recebida em algumas salas, e percebi que as coisas andavam com maior facilidade quando os assessores e maquiadores reconheciam e valorizavam o trabalho do DDB – muito legal isso. Foi o caso do maquiador Marcos Costa, que assinou a beleza do Lino Villaventura. Ao me apresentar, vi Marcos sorrir com os olhos e logo mandou um beijo para a Vic. Perguntei se ele poderia me explicar sobre a beleza desenvolvida para o desfile e ganhei uma aula particular: ele fez a maquiagem todinha na minha frente, explicando o passo a passo e me mostrando os produtos. Eu parecia uma criança em um parque de diversões.

Um processo criativo que amaria ter registrado foi o de Vanessa Rozan para a Neriage – ela fez uma beleza com glitter flocado ao redor dos olhos, como se fossem uma moldura. Estavam lindos de morrer na passarela, imagino que de perto deveria estar incrível! Mas a estilista Rafaella Caniello, optou por fazer um camarim menor, e pouquíssimas jornalistas tiveram acesso – quem sabe na próxima consigo.

Vi a Manu Gavassi e a Sasha Meneghel de pertinho nos bastidores, mas a quantidade de seguranças em volta delas me deixou inibida para tentar uma conversa, só me restou observar de longe. A presença da Sasha, que desfilou para a Misci, causou um alvoroço enorme e o backstage ficou tão concorrido que era quase impossível andar lá dentro – mesmo tendo uma sala exclusiva para ela. 

Esse foi o bastidor mais desafiador de cobrir, fiquei quase 2 horas em pé tentando uma palavrinha com o Rodrigo Costa, maquiador que assinou a beleza, e quando finalmente consegui ouvir de longe, fui puxada pelo braço pela equipe de produção do evento e convidada a me retirar da sala – eles precisavam dela vazia. A Xuxa e o Luciano Szafir estavam chegando para assistir a filha abrir o desfile. 

Já com Ícaro Silva, ator da Globo, a história foi diferente. Na quinta-feira, enquanto ele desfilava para a Meninos Rei, que participou por meio do Projeto Sankofa (iniciativa que apoia empreendedores racializados), tirei uma foto e postei no Dia de Beauté, sem qualquer esperança de que ele visse. E não é que aconteceu? Com direito a repost! No sábado, nos reencontramos no backstage da Silvério, também do Projeto Sankofa, e pedi para tirar sua foto para mostrar a maquiagem feita por Katia Araujo – um delineado gráfico lindíssimo com preto e vermelho. 

Contei que tinha ficado muito feliz com o compartilhamento e na hora ele disse que lembrava e começou a nos seguir no Instagram. É muita simpatia para uma pessoa só. Ficamos lado a lado observando o trabalho da Katia e resolvi perguntar – também despretensiosamente – o que ele estava achando da experiência dos bastidores e o processo da maquiagem. Logo me arrependi de não ter ligado meu fiel gravador, porque a resposta foi uma das mais doces que já ouvi. Ícaro disse que achava lindo o ambiente de afeto, carinho e dedicação de tantas pessoas para algo efêmero como a passarela, e dava pra ver o quanto ele estava feliz e realizado de estar ali.

A correria é real, mas todo mundo está focado em entregar sua parte. A interação com as colegas jornalistas de outros veículos também foi muito legal, todas sempre muito queridas, nos encontrávamos o tempo todo, me perguntavam se precisava de ajuda, batiam papo para passar o tempo enquanto esperávamos pela liberação de uma entrada… De qualquer forma, eu só saía das salas quando estava satisfeita com as minhas informações, as fotos e os vídeos. 

Vejam, eu não sou do mundo da moda, o meu amor é pela beleza, e queria fazer de tudo para compartilhar os detalhes com quem estava acompanhando. E essa foi definitivamente a minha parte favorita: poder acompanhar de perto o que ninguém mais vê, o processo de criação, cada passada de rímel, o contorno de cada boca. Ouvir dos maquiadores como e por quê eles tinham desenvolvido os looks e poder ver aquilo realmente nascer foi indescritível. 

O conjunto da obra na passarela, então, é incrível, e em muitos desfiles meus olhos encheram de lágrimas e fiquei arrepiada dos pés à cabeça. Os do Projeto Sankofa, inclusive, foram os que mais me marcaram, a garganta ficou até fechada de tanta emoção, estavam todos muito felizes em participar do evento. A Mile Lab, marca de Milena Nascimento, por exemplo, trouxe looks inspirados no baile funk do futuro e, ao som de poesia, protestos e do próprio funk, vimos a força da periferia na moda. 

Realizei um sonho e foi melhor do que imaginava. Receber a resposta de amigos, da minha chefe e das leitoras do DDB dizendo o quanto gostaram da cobertura detalhada me enchia de gás. Entre desfiles e backstages, mais de 50 horas de trabalho e muito cansaço, algumas belezas me marcaram e compartilho com vocês aqui. Para ver a cobertura completa, é só assistir ao destaque do nosso perfil no Instagram.

Alma Negrot para João Pimenta

Apesar de não ter conseguido conversar diretamente com Alma, sua equipe me contou que ele quis trazer o futuro da beleza ao palco – e isso por si só já teria me chamado a atenção. Mas Alma foi além e colocou próteses surrealistas e pós-humanistas em alguns modelos. Era lindo e assustador na mesma medida, e trouxe a reflexão: será que as próximas modificações corporais serão assim?

Daniel Hernandez para Weider Silveiro

Daniel foi responsável por várias beleza e em todas elas teve toda a paciência do mundo para nos explicar o que queria passar através de suas criações. Na de Silveiro, ele imaginou que todas as modelos fossem pérolas, sem o brilho perolado, e fez uma brincadeira com o degradê de rosa em formatos arredondados. De uma delicadeza tão grande que gostaria de ter sido maquiada também ali mesmo. 

O cantinho interno dos olhos iluminado com glitter e as sobrancelhas penteadas para cima deram o toque de preciosidade que o look precisava. O maquiador, que foi escolhido pela Eudora para assinar alguns desfiles, usou vários produtos da marca. Os que mais chamaram nossa atenção foram as paletas de sombra Eudora Glam Red Diamond e a Purple, da Linha Niina Secrets -, ambas foram usadas também no desfile da Lilly Sarti, e já estão na nossa lista de desejos.

Robert Estevão para Walério Araújo

A Noite Ilustrada de Bob realmente brilhou. Inspirada pelo ambiente paulista noturno, a beleza foi única para cada modelo – como se elas tivessem se arrumado sozinhas em casa, imaginem a criatividade de pensar em looks completamente diferentes? Amei demais as aplicações estrategicamente colocadas.

Carla Biriba para Handred

Que mulher incrível e simpática! Arrisco dizer que ela criou a minha beleza favorita dos quatro dias. Carla criou uma “pele cerâmica”, inspirada na obra do artista plástico Francisco Brennand, que tinha um queimado de sol como se os modelos tivessem feito uma obra no forno. Os cílios eram brancos e a pele tinha respingos em branco e marrom, que simulavam o trabalho com cerâmica, como se a tinta tivesse voado nos modelos. No cabelo, alguns ainda tinham alongamentos e outros apareciam com peças de cerâmica e linho branco aplicados. A vontade era de fotografar cada um deles!

Ziel Moura para Isaac Silva

Fechamos os desfiles presenciais com muita alegria proporcionada por Ziel Moura. Ele trouxe as cores da Bahia em perucas e miçangas, um lembrete de que podemos e devemos utilizar o cabelo do jeito, forma e cor que quisermos. E ainda deu um recado que vale anotar: “Brinquem mais, ousem mais, a beleza também é pra você se divertir. Não tem que ser regrado, tem que ser o que eu quiser. É meu cabelo, minha maquiagem, meu corpo, eu posso brincar”. Nós do DDB assinamos embaixo!

{Fotos: Carolina Merino e reprodução Instagram @vanessarozan para @neriage_}

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