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Maquiagem é liberdade?

13/07/21
gui takahashi

“Não sei me maquiar”, “Como você consegue?”, “Queria fazer makes como você” são as mensagens que mais chegam nas minhas DMs no Instagram. Mas ao invés de me sentir lisonjeada, me pego perplexa porque, na maioria das vezes, esses questionamentos vêm carregados com uma certa culpa. É uma sensação de dever não cumprido, de uma frustração por não corresponder com a expectativa social da mulher que se arruma, se maquia, e que é atraente e desejável.

Ah, mas isso em pleno 2021? Sim. “Quanto mais fortes as mulheres se tornassem em termos políticos, maior seria o peso ideal de beleza sobre seus ombros, principalmente para desviar sua energia e solapar seu desenvolvimento”, escreveu Naomi Wolf em O Mito da Beleza. Por isso, me solidarizo com as mulheres que se sentem oprimidas pelas makes.

E se você é uma delas, pensei em dividir com você o significado que a maquiagem tem pra mim, numa tentativa tímida de propor a ressignificação dela.

“Com esse produto (de beleza ou moda) eu me reconheço mais, tenho mais destaque, consigo redimensionar a minha potência. É aquilo de trazer pra fora o que você tem”. A frase é da ativista trans Neon Cunha e expressa exatamente o que sinto.

Como uma travesti de 1987, nasci em uma sociedade que sempre me apontou que não pertenço ao gênero feminino que me identifico. O sentimento de estar constantemente longe do que se esperava de mim me fez sentir desejo em me libertar e ser plena com meu delineado, minha máscara de cílios, minha sombra. De criar meus próprios traços.

O efeito que a maquiagem tem em mim é de me fazer sentir mais poderosa. Talvez, antropologicamente, isso tenha a ver com uma conexão com culturas passadas, que se pintavam pra festejar, lutar, paquerar. E fora tudo isso, a maquiagem ainda me deixa brincar, me permite experimentar outros estilos. Se o look é mais rocker, taco um lápis preto. Visual sexy? Um batom vermelho é resposta dada. Quando quero estar mais esquisitinha-conceito, também posso. A make me deixa ser quem eu quiser.

E caso você ainda se sinta oprimida pela maquiagem e não pire em nada do que eu escrevi, tá tudo bem. De cara lavada ou não, o importante é ser feliz consigo mesma.

Gui Takahashi é jornalista e criadora de conteúdo. Adora falar de beleza, moda, comportamento e sociedade, principalmente refletindo sobre esses assuntos e dividindo experiências pessoais.

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