As coisas mais legais que vi e aprendi no Web Summit
Sempre tive vontade de ir ao Web Summit, evento de tecnologia e inovação (e muito mais) que acontece anualmente em Lisboa, e esse ano deu certo. Aqui, vou contar os pontos altos da minha experiência e as coisas mais interessantes que vi e aprendi por lá.
Primeira coisa que é impossível não citar: o evento é enorme! Fiquei impressionada com o tamanho e com a quantidade de coisas rolando – e com a organização e estrutura para tudo correr de maneira bem fluida. Antes de chegar no evento você precisa baixar o app para concluir seu cadastro (fui como imprensa e tem algumas categorias de ingressos possíveis), e por lá você tem acesso ao schedule completo de palestras. São 16 palcos simultâneos e 1.200 palestras em 3 dias (!), então é fundamental fazer um trabalho prévio de seleção e organização – o sistema é bem fácil de navegar e tudo que interessa você vai adicionando ao seu calendário, assim fica fácil de visualizar o dia, possíveis conflitos de horário, qual palco é o que etc.
Achei ótimo que tinha uma estrutura para pegar a credencial e a pulseira de acesso já no aeroporto, super eficiente e organizado. Chegando no Summit, que acontece no Parque das Nações, que fica a mais ou menos meia hora do centro de Lisboa, veio o choque do tamanho do evento e a conclusão de que no primeiro dia vale mesmo a pena chegar cedo para se situar. Entender onde são os palcos, o tempo que leva para ir de um pro outro, conferir as váriassss opções de food trucks para fazer a logística da alimentação (muito taurino esse comentário, eu sei rs, mas é bom saber que tem isso, afinal o objetivo é passar o dia todo lá!).
Esse ano foram mais de 71 mil pessoas circulando pelo evento – impressionante – e além dos palcos e palestras rolando, o Web Summit também é uma feira cheia de startups e empresas expondo (3 mil, para ser exata), em sua maioria da área de tecnologia. Então achei bem legal a vibe geral, bem pulsante e cheia de possibilidades. Meus principais objetivos com essa experiência eram: sair do looping da rotina para uma imersão com foco em conhecimento, ver e ouvir coisas diferentes do que estou acostumada no meu dia a dia, sentir um pouco desse gosto de “futuro” e abrir a cabeça. Senti todos eles atendidos! Recomendo bastante para quem tem interesse, e a seguir compartilho as coisas mais legais que vi/aprendi por lá.
IA reinando soberana
Confesso para vocês que ainda vivo numa realidade onde é como se a Inteligência Artificial não existisse. Não uso praticamente nunca, para quase nada, nem na vida profissional nem na pessoal. Usei ChatGPT 2 vezes na vida, mais por curiosidade que por utilidade mesmo, e tenho pensado bastante sobre como não faz sentido ignorar isso tudo. Primeiro porque é como negar a evolução e a tecnologia, e querer viver num passado que muito em breve não vai mais existir – e acho que para se manter jovem de espírito, atualizado e relevante é preciso abraçar as modernidades. E segundo porque tem muita coisa útil, que realmente torna a vida mais fácil, mais eficiente, mais otimizada. (Ainda assim acho que vou demorar para escrever um texto como esse usando IA, risos).
Não vou ficar aqui discorrendo sobre os motivos que me fazem ainda viver esse “denial” da IA, mas fato é que olhando para o Web Summit, ela está dominando todas as pautas. Diria que 100% das palestras que assisti tocaram nesse assunto, com maior ou menor profundidade. Está todo mundo pensando nisso, explorando, questionando (importante), entendendo como usar da melhor maneira, incluir em suas empresas e processos, e criando novas e interessantes ferramentas.
Minha conclusão é que, seja como for, não dá mesmo para ignorar e vale investir um tempo para pesquisar soluções que façam sentido para sua vida/seu trabalho. Essa virou uma das minhas metas para 2025.
Meus objetivos com essa experiência eram: uma imersão com foco em conhecimento, ver e ouvir coisas diferentes do que estou acostumada, sentir esse gosto de “futuro” e abrir a cabeça.
O valor humano em tempos de Inteligência Artifical
Bom, se ela está em todo lugar, vocês podem imaginar quantas conversas em torno do tema: “Então como fica o ser humano nisso tudo?”. E achei interessante – para não dizer reconfortante – ver que a maioria das visões apontam para uma importância ainda maior do papel humano, do toque humano, da empatia, da criatividade, do olhar para emoções e nuances. E um caminho onde, tirando da frente tarefas mais “robóticas” do dia a dia, ou que podem ser feitas melhor e mais eficientemente pela IA, podemos ter mais tempo para explorar outras coisas.
Tempo é sem dúvida uma moeda valiosíssima dos tempos atuais, e uma realidade onde possamos GANHAR tempo me parece bastante atraente.
O futuro do vídeo (é muito louco)
As barreiras linguísticas vão ser coisa do passado – pelo menos no mundo digital – e gravar um vídeo falando talvez também. Vi duas palestras que me deixaram literalmente boquiaberta, com empresas de software de IA para vídeo que fazem coisas impressionantes. Não sei se eu que estava morando embaixo de uma pedra e todo mundo sabe disso, mas vou contar mais.
Uma delas chama Lipdub e faz tradução e dublagem de maneira praticamente imperceptível. O fundador mostrou um exemplo que achei genial, com uma mesma pessoa falando frases em várias línguas fantasia (do Senhor dos Anéis, Star Wars, Avatar etc) dá pra ver aqui. Mas claro que faz para línguas reais também, e muito bem. Isso é genial para amplificar conteúdos sem a questão da barreira da língua. Outra funcionalidade é a substituição de discurso – então você grava o vídeo uma vez e pode mudar o que está sendo falado. Louco.
A outra empresa chama Synthesia e também tem a função da dublagem, mas outras funcionalidades também, como: você joga um PDF e ele cria um vídeo usando IA baseado naquele “briefing”.
Se pensarmos que essas tecnologias ainda estão no início, já já, no mundo digital, vai ser possível falar todas as línguas de forma realista, e a maneira como produzimos vídeos está prestes a passar por grandes mudanças.
Lá pelas tantas eu me dei conta de que em algum momento, num futuro não tão distante, eu serei um avatar. Agora, pensem que loucura para uma pessoa que está na internet criando conteúdo há quase 20 anos (meu primeiro vídeo, aquele da maquiagem em 5 minutos quando trabalhava no Chic, é da era jurássica, de quando não existia nem YouTube, o que deve fazer uns 18 anos), imaginar essa realidade.
Ainda não sei como me sinto em relação a isso tudo, são muitas nuances – assistir sua profissão se transformando radicalmente é algo maluco (e claro que não estou sozinha nisso, inúmeras profissões estão se transformando). Tem também todas as questões éticas – vou deixar aqui um conteúdo que fiz sobre a campanha Código Dove, que foi premiada e é super relevante para questionar algumas dessas questões, aqui.
Outro ponto relevante: acredito que, quanto mais automatizadas e artificiais forem as coisas, por mais realistas que elas pareçam, mais vamos ter a necessidade do totalmente genuíno, do retrô e do offline para compensar. Não acho que precisa ser um ou outro, mas acredito que esse equilíbrio vai ser cada vez mais importante. E isso conecta com o insight do tópico acima também, sobre a importância de skills que (ainda) são apenas humanos.
Em todo caso, com um olhar otimista para abraçar o que pode ser muito positivo dessas evoluções tecnológicas, estou curiosa para ver o que vai rolar.
Assistir sua profissão se transformando radicalmente é algo maluco – e claro que não estou sozinha nisso, inúmeras profissões estão se transformando.
E curiosa também para ler esse texto daqui alguns anos!
{Fotos: Vic Ceridono}
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