Perfume bom é perfume importado? Não necessariamente – e há marcas brasileiras que estão aqui para provar! Com fragrâncias autorais, elas oferecem aromas cheios de personalidade, para clientes que não curtem chegar em uma festa e sentir todo mundo com o mesmo cheiro e querem, sim, se diferenciar. A palavra-chave aqui é personalidade. 

Quer ter aquele perfume diferentão? Vem conhecer essas preciosidades “made in Brasil”! 

Felisa e o perfume da brasilidade 

Fernanda Elisa Orciolli é o tipo de mulher que tem a fala segura, firme e apaixonada. E parece transmitir exatamente essa personalidade para as fragrâncias de sua marca, a Felisa. Ela, que desde o início da carreira trabalhou no setor de luxo, viveu uma experiência digna de “Emily in Paris”, versão vida real, quando foi chamada por uma gigante do setor, a Paco Rabanne, para cuidar da parte de perfumaria da marca em Paris, onde viveu por 3 anos. “Foi completamente transformador na minha vida. Não falava francês, tive que me virar, só que sem o guarda-roupa da Emily”, brinca ela, lembrando o quanto aprendeu por lá. “Fui convidada para cuidar da parte de desenvolvimento de uma casa de perfumaria, aprendi toda a cadeia de produção, desde a concepção da ideia até a posição que aquele perfume ocupa na prateleira de uma loja”, conta.

De volta ao Brasil, durante a pandemia, prestes a fazer 40 anos, depois de perder a mãe e grávida do segundo filho, ela viu que era hora de ter sua própria marca. “Eu viajava demais, queria um tempo para minha família. Perguntei ao meu marido se ele já tinha reparado que na Galeria Lafayette (loja de departamento de luxo em Paris) não tem uma marca brasileira de perfume. É um absurdo! O brasileiro é apaixonado por perfume, temos um mercado imenso. Eu disse: ‘Vou criar uma marca para mim’”. Ela conta que o marido achou que ela estava ficando louca, e muita gente desacreditou de sua ideia, mas Fernanda é obstinada. “Entrei em contato com alguns perfumistas franceses com quem eu tinha trabalhado e apresentei a ideia. Eles amaram. Queria somar minha experiência com uma perfumaria sofisticada, muito única e que refletisse o Brasil no DNA. Assim nasceu a Felisa, que é colorida e vibrante”, conta ela. 

Fernanda preza pelo uso de matérias primas naturais, livres de crueldade animal e que tenham o certificado “Fair for Life”, que garante que não há trabalho infantil nem escravo nos ingreditentes que sua marca usa. Seus perfumes têm 18% de concentração de óleos essenciais, o que garante alta durabilidade na pele, e a diretora olfativa, que é carioca, desenha fragrâncias sempre muito brasileiras. “A primeira coisa que eu digo é: ‘Não quero nada parecido com o que já existe’. E depois eu dou exemplos como: ‘Quero a energia de uma mulher vibrante, solar, iluminada, em um dia quente’”, conta.

E foi assim que sua marca, que nasceu em março de 2023, já alcançou reconhecimentos importantes. A Felisa já foi citada pela Mintel, agência que aponta tendências globais de mercado, e participou da última edição da Pitti Fragranze, feira de perfumes de nicho que acontece na Itália, neste ano. Lá, foi a primeira marca latinoamericana a marcar presença no evento. Os próximos passos para a marca são ambiciosos “Quero levar a Felisa para o mundo”, diz a criadora.

Gávea: ciúme de perfume nunca mais

Sabe aquele perfume que você ama tanto que prefere que ninguém nem saiba qual é, para que aquele cheiro seja só seu? A marca Gávea, de Ana Gudme, é pensada para esse tipo de demanda. Lá, a exclusividade dá o tom. “Queria uma marca que fosse única, que não fosse mais uma embarcando em tendências. Para mim, perfume é personalidade, é como você se vê, é uma expressão de quem você é”, explica ela, que usou o conhecimento de sua formação em química industrial e mestrado em farmácia para criar sua marca. 

“Foi assim que cheguei no modelo de coleções sazonais. A cada 6 meses, duas ou três fragrâncias são lançadas. Quem comprar, pode recomprar no futuro, com uma senha. Quem não comprou, não tem mais acesso a essas fragrâncias produzidas anteriormente”, explica ela, simpática e falante. 

Na última coleção da Gávea, Ana conta que explorou o conceito “Por onde andei”, com dois perfumes: “Amei”, que evoca as grandes paixões, e “Sorri”, que lembra as boas experiências que encontramos no caminho. Para mim, o Sorri realmente tem cheiro de que tudo vai dar certo na hora em que você borrifa o perfume na pele.

“Eu converso muito com os perfumistas parceiros. Duas coisas muito determinantes são a concentração de óleo essencial e a pirâmide olfativa, que precisa ser muito bem construída”, diz a criadora, que coloca uma concentração de 25% em seus frascos. As embalagens minimalistas guardam perfumes que duram o dia inteirinho na pele, com tempo médio de fixação de 8 a 12 horas, “dependendo do clima e da hidratação da pele”, explica Ana.