Não fico sem meu batom vermelho! Quando chego para trabalhar e não estou de batom vermelho, meus alunos dizem: “nossa professora está pálida, tá doente?” Eu realmente uso todos só dias 😍😍😍
E o batom nossa tem uma textura tão inexplicável de macia, confortável e durável!
Bjo da Pri 😘😘
Da resistência ao glamour: conheça a história do batom vermelho
Como pode um artigo tão pequeno guardar uma história tão poderosa? O batom vermelho, mais do que um simples item de maquiagem, é um símbolo emblemático de cultura, resistência, sensualidade, sofisticação e confiança, que vem se reinventando ao longo dos anos.
Com sua cor associada ao sangue e à paixão, o batom vermelho ganha a atenção por onde passa, desde a antiguidade ao mundo contemporâneo, tornando-se um acessório indispensável no arsenal de beleza de muitas pessoas apaixonadas por maquiagem – e por ousar!
Conheça a história fascinante do batom vermelho e seu significado para as mais diferentes décadas.
O batom vermelho, mais do que um simples item de maquiagem, é um símbolo emblemático de cultura, resistência, sensualidade, sofisticação e confiança
O surgimento do batom vermelho
O primeiro registro do batom vermelho data de impressionantes 3500 a.C. Há registros de que a rainha Puabi, da antiga Mesopotâmia, já utilizava a coloração vermelha nos lábios como adorno, além de seus exuberantes enfeites de cabeça e colares dourados feitos de pedras preciosas. Hoje, os interessados podem encontrar os restos mortais de Puabi no Museu de História Natural de Londres.
Para colorir a boca, a rainha utilizava uma massa feita da mistura de chumbo branco e pedras de tonalidade vermelha trituradas. Posteriormente, historiadores descobriram que não era apenas Puabi que utilizava o corante labial, mas também a alta sociedade suméria, a primeira de que se tem registros na Mesopotâmia.
Antiguidade
Partindo para o Antigo Egito, a mistura para a criação do batom vermelho ganha nova forma. Desta vez, os egípcios, que ao lado dos mesopotâmicos também foram os precursores do delineado, misturavam resina com ocre vermelho para criar o “cosmético”.
A rainha Cleópatra foi uma das adeptas dos lábios avermelhados. A faraó, porém, preferia utilizar um pigmento extraído de insetos como as cochonilhas (bichinhos que até os dias de hoje são fontes de corante vermelho para a indústria!) para a formulação de seu batom.
É na Grécia Antiga que o batom vermelho permeia entre as classes sociais e chega às prostitutas, conforme explica a pesquisadora Sarah E. Schaffer em seu estudo “Reading our Lips: The History of Lipstick Regulation in Western Seats of Power”. Os lábios vermelhos eram utilizados para que houvesse uma clara diferenciação entre as profissionais do sexo e outras mulheres da sociedade, principalmente as mais afortunadas. Na época, eram utilizados pigmentos de frutas, algas ou mesmo excremento de animais, como o crocodilo, para pigmentar os lábios.
No Império Romano, o batom vermelho volta às mãos dos aristocratas, indicando uma posição social elevada. Porém, na composição do cosmético era encontrado mercúrio, ingrediente tóxico para os seres humanos e, inclusive, mortal, como aponta Sarah E. Schaffer em seu livro.
Idade Média
Na Europa Ocidental, durante as Cruzadas, o batom vermelho passa a se relacionar com as crenças e religiões. O cristianismo, inclusive, pregava que o uso do batom vermelho se opunha aos princípios religiosos que valorizavam a humildade e a beleza natural, consideradas premissas do plano divino.
Na Inglaterra, durante o reinado de Rainha Elizabeth I, de 1558 a 1603, a monarca utilizava uma mistura feita a partir da cochonilha – assim como Cleópatra -, além de goma arábica e outros alimentos, para gerar a tinta para os lábios. Mesmo vaidosa, a utilização do batom vermelho para Elizabeth I tinha outra função além de embelezamento: afastar espíritos malignos. Anos depois, com a chegada de James I, seu sucessor, que se manteve como rei até 1625, há um crescente medo de bruxaria entre a sociedade britânica. Eles associavam o uso de maquiagem aos seres místicos e amedrontadores. A cultura do medo se prolonga e em 1770 é aprovada uma lei que criminaliza o uso de maquiagem por associação à bruxaria.
Movimento sufragista
Finalmente pulamos para o início do século XX, com o movimento sufragista em Nova York, onde milhares de apoiadoras marchavam pelo direito ao voto e participação política das mulheres, exibindo seus lábios vermelhos, patrocinados pela empresária e maquiadora Elizabeth Arden.
Arden acabara de fundar sua marca de cosméticos e apoiou as protestantes distribuindo tubos de batom vermelho às mulheres que participavam da manifestação – tornando os lábios avermelhados símbolo de força e resistência feminina.
Na mesma época, o estilo da designer francesa Coco Chanel imigra e chega às Américas. Então, com a mudança dos espartilhos para as modelagens mais largas e menos acinturadas, o batom vermelho também ganha fama e adentra sua primeira fase – ou tentativa – de democratização.
Segunda Guerra Mundial
Como nem tudo são flores, durante a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, Adolf Hitler confessou odiar o uso do batom vermelho, e mais uma vez o cosmético passa a ser símbolo direto de luta contra a opressão. Como explica Rachel Felder, autora do “Red Lipstick: An Ode to a Beauty Icon”, as mulheres que utilizavam o batom vermelho na Alemanha e países aliados, como a Itália, faziam-no em sinal de protesto contra o nazismo e o fascismo. Na falta do batom vermelho, as mulheres utilizavam beterrabas ou cerejas para colorir os lábios.
Ao contrário, em 1941, quando os EUA entram na Segunda Guerra, o trabalho de Elizabeth Arden não só é reconhecido pelo governo, como escolhido para ser utilizado pelas mulheres que se uniram ao exército. A cor em questão ficou conhecida como “Montezuma Red”, porém, quando o produto chega ao público, ganha o nome de “Victory Red”, em menção à vitória dos Estados Unidos na Segunda Guerra.
Atualidade
Após a Segunda Guerra Mundial, o batom vermelho se consolidou como um clássico, principalmente graças ao cinema americano e às grandes estrelas de Hollywood que encantaram o público mundo afora, como Marilyn Monroe e Audrey Hepburn.
Hoje o batom vermelho é para todas! Segue sendo visto pelas bocas de diversas atrizes e cantoras, mas também de donas de casa, jornalistas, médicas, faxineiras, empresárias.
Mesmo democratizado, ele não perde sua força política. Em 2018, por exemplo, o cosmético foi utilizado na Nicarágua por manifestantes, homens e mulheres, em alusão à estética escolhida pela ativista Marlén Chow, que tem o batom vermelho como uma de suas marcas registradas. Na ocasião, eles postavam nas redes sociais fotos com os lábios avermelhados para protestar contra a prisão dos manifestantes que se opuseram ao governo de Daniel Ortega.
Ainda nas Américas, mais especificamente no Chile, ao final de 2019, cerca de 10.000 mulheres se reuniram nas ruas para protestar contra a violência sexual no país usando lenços e batom vermelhos.
Batom vermelho para todos os gostos
Com o crescimento da indústria de cosméticos, cresce também a gama de opções de batom vermelho. A cor apresenta uma ampla gama de variações, que vão desde tons mais próximos ao laranja, geralmente mais vibrantes, até os mais escuros e profundos, como os vinhos.
O vermelho alaranjado, por exemplo, é uma cor vibrante e marcante que se destaca na maquiagem. Ideal para todos os tons de pele, especialmente a pele negra, pois oferece um contraste forte. Disponível em acabamentos opacos para um look mais discreto e brilhantes para um destaque extra.
O vermelho vibrante é um tom clássico e atemporal, considerado o “vermelho puro”, situado entre o alaranjado e o vinho. É uma escolha versátil que complementa todos os tons de pele, desde os mais claros até os mais escuros.
O vermelho carmim é um tom intermediário entre o vermelho vibrante e o vinho. Marcante, o carmim tem um toque de magenta com nuances de azul e violeta, mas sem chegar a ser roxo. Ele realça especialmente peles claras com subtons rosados e é uma ótima escolha entre morenas e negras que preferem um contraste mais suave nos lábios.
Já o marsala é um tom de vermelho-escuro com um toque de marrom, situado entre o vermelho intenso e o vinho. Ele cria um contraste marcante principalmente em peles bronzeadas e oliva.
Por fim, o vinho, o mais escuro dos tons de vermelhos, é uma mistura de castanho e roxo. É indicado para todos os tipos de pele, porém, quem tem subtom frio pode preferir vinhos com mais marrom na composição, enquanto aqueles com subtom quente podem optar por vinhos mais azulados.
{Fotos: Getty Images, WikiCommons e reprodução Instagram}
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