Tássio Santos, a Herdeira da Beleza, lança livro sobre a presença negra nos cosméticos
Tássio Santos, a Herdeira da Beleza (@herdeiradabeleza), acaba de lançar o importante livro “Tem Minha Cor? Quando Maquiar se Torna um Ato Político”, pela editora Telha. Ele fala baixo, olha no olho e discorre com uma clareza que é dom de poucos, sobre por que considera maquiar um ato político – “uso a maquiagem para falar sobre o apagamento de pessoas negras no contexto social por meio de um olhar para o que acontece na beleza”.
O livro é uma contribuição super importante para quem estuda beleza e está disposto a pensar sobre como ela pode colaborar para alcançarmos uma sociedade mais justa. Ao longo de 136 páginas, Tássio utiliza um glossário para explicar termos como “pele retinta” e responder dúvidas como “o certo é pele negra ou preta?”, além de citar autores como Gilles Lipovetsky e Grada Kilomba para discutir temas complexos como racismo cosmético e a necessidade de decolonização (um contraponto à ideia de colonialidade) do mercado de beleza.
Ah, importante: o autor explica que a palavra “negra(o)”, tanto usada pejorativamente (pense em “mercado negro” ou “lista negra”), foi ressignificada, e hoje representa, sobretudo, a luta do movimento negro para que pretos e pardos se unissem – mas que o termo “preta(o)” também tem sido revisitado, apesar de ser historicamente um insulto.
Tássio navega muito bem por todos esses temas, da mesma forma que atua nas redes sociais, onde trabalha para marcas como influenciador, e ao mesmo tempo critica e colabora como consultor para que a indústria cosmética brasileira possa melhorar suas entregas para um público que foi por muitos anos negligenciado por boa parte das marcas.
Mas diante da realidade que ele mesmo traz, de tantos apagamentos de pessoas negras no histórico da beleza no Brasil, a pergunta que estava na minha cabeça era: a que passado a herdeira da beleza se refere quando fala em herança? A resposta não poderia ser melhor: “É uma herança não material. O nome é para dar outro sentido ao que a gente herda. Podemos herdar conhecimento, bens materiais… Vejo a carga genética da beleza como uma reconquista, poder olhar para trás e ver todo trabalho que nossos ancestrais fizeram e perceber como isso é bonito”.
Serviço:
Tem Minha Cor? Quando Maquiar se Torna um Ato Político
Tássio Santos
Editora Telha
{Fotos: Divulgação @herdeiradabeleza}
Comentários