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Parem de nos vender juventude

17/03/23

Cris Pàz é colunista do Dia de Beauté, onde publica mensalmente sobre beleza e longevidade.

Outro dia uma amiga lamentou comigo, indignada, que em pleno século 21, em tempos de discussão aberta sobre o envelhecimento, a busca pela tal aparência mais jovem parece ter aumentado. Eu tenho uma hipótese. O envelhecimento se tornou um tema e acabou lembrando a todas as pessoas, até às que não queriam pensar sobre isso, que todos envelhecemos. Cada um vai reagir a essa tomada de consciência de acordo com o seu repertório, com o seu arcabouço psíquico. A reação de muitos, inevitavelmente, é a negação. E aí fiquei pensando em como muitas marcas se aproveitam dessa lógica.

Já contei por aqui que, depois que assumi o cabelo branco, ganhei um xampu para cabelo grisalho (muito bom, por sinal), que traz na embalagem o slogan “juventude dos fios”. Não, os meus fios brancos não vão ficar mais jovens. Eles podem ficar mais bonitos, mais reluzentes, mais hidratados. Mas jamais vão poder voltar no tempo. Quando as marcas insistem em nos vender juventude, elas estão reforçando a ideia de que envelhecer é ruim, é errado, é um problema.

Parem de nos vender juventude. Parem de trazer produtos que venham como um “remédio” para a passagem do tempo. Eu me cuido para ter saúde, para ficar bonita, para me adaptar de maneira equilibrada às transformações trazidas pelo tempo. Não  para ter a ilusão de que o tempo não vai passar pra mim. O resultado disso é uma sociedade infantil, adoecida pelo transtorno de imagem, incapaz de encarar o envelhecimento como fato inevitável — ou como uma conquista, já que nem todo mundo tem essa sorte.

Envelhecer não é doença e juventude não é cura

A juventude é uma palavra com prazo de validade. O envelhecimento, não. Vale desde sempre. A juventude é perecível, como a vida. Mas a vida é maior do que a juventude. Envelhecer não é doença nem tragédia. Não é fácil, mas tem suas vantagens. Difícil mesmo é envelhecer resistindo, como um bebê fazendo birra diante do inevitável. Isso, sim, me parece trágico. Ser jovem não é o único sabor interessante e desejável do cardápio da vida. Já comi muito desse prato e garanto: existem outros sabores dignos de serem degustados. Alguns deles, especialmente preparados pelo tempo. Quero saborear o prato do agora com gosto, o melhor momento da vida, esse que a gente tem tanta dificuldade em acessar: o momento presente.

Parem de nos vender juventude. O que nos interessa é viver bem, não voltar no tempo. 

Cris Pàz é colunista do Dia de Beauté, onde publica mensalmente sobre beleza e longevidade. Publicitária premiada e escritora com oito livros publicados, ela nasceu em 1970 e é uma das precursoras da produção de conteúdo digital no Brasil. Colunista da rádio BandNews FM de BH, comanda o podcast 50 Crises (entre os destaques de 2020 no Spotify Brasil) e traz novos olhares sobre saúde mental, protagonismo feminino, maternidade, moda e longevidade por meio de suas redes e palestras.

{Foto: @eucrisguerra por @vanessa.gori / Produção de @martacduque}

Comentários

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3 replies on “Parem de nos vender juventude”

Cris, quase caí de costas quando vi, na prateleira da farmácia, creme e sérum dental anti aging. Oi?? Dente, gengiva, articulação maxilo-bucal são questões de saúde para envelhecermos bem. Olha a confusão!

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