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Qual seu jeito de envelhecer?

15/06/22

Cris Pàz é colunista do Dia de Beauté, onde publica mensalmente sobre beleza e longevidade.

Eu não me lembro de me preocupar com o envelhecimento antes dos 50 anos. Meu único medo era ficar com o cabelo parecido com o de uma tia, sempre penteado para cima, deixando à mostra o couro cabeludo. 

Como meus pais faleceram vítimas de câncer, gastei algum tempo temendo a doença, a despeito de saber que o medo também envelhece. Preocupar-se é um verbo tão incontrolável quanto impotente, e vai perdendo fôlego ao longo da estrada. A vida tem pedidos mais urgentes, que no meu caso eram meu filho e meus novos rumos profissionais, dos quais me ocupei nos últimos quinze anos. 

Quando dei por mim, estava a caminho dos 50.

Eu tinha 48 quando uma boa marca de ácido hialurônico me convidou a experimentar um processo de preenchimento facial. Até então, minha ideia sobre o assunto estava sempre ligada a uma visível transformação. Aceitei, com algum medo e muita curiosidade. Nas mãos de uma excelente dermatologista, o tratamento me ensinou que intervenções bem-sucedidas são aquelas que não se fazem notar. Os resultados são sutis, não os conseguimos detectar objetivamente. Naturais e harmônicos, nada têm a ver com aquele filtro de Instagram que faz muita celebridade passar despercebida no dia a dia.  

Achei brilhante a sugestão que uma seguidora me enviou: trocar o termo anti-idade por “embelezador da idade”. Nunca ouvi nada mais apropriado.

No meu caso, um semblante mais descansado trouxe frescor para a minha fisionomia e acabou me encorajando a uma decisão que eu jamais havia cogitado antes. Quem diria que, depois de um tratamento “rejuvenescedor”, eu iria fazer justamente aquilo que mais denota a idade: assumir o cabelo branco.

Acontece que esconder a idade não combina com meu jeito espontâneo de ser. E, assim como não me visto para parecer outra pessoa, mas sim para gostar mais de ser eu mesma, não acredito em procedimento estético para “parecer mais jovem”. Quero é ficar mais feliz na idade que tenho.

Não por acaso, quanto mais o tempo passa, mais bonita me sinto. E não existe mágica nesse processo, é um conjunto: o corpo envelhece, a mente evolui, a maturidade acompanha. Meu cabelo branco vai muito bem, obrigada, até porque também suaviza a minha fisionomia. E minha dermatologista continua por perto, além de outros profissionais que me ajudam na construção de um envelhecimento saudável e equilibrado.

Por isso achei brilhante a sugestão que uma seguidora me enviou pelo Instagram (peço perdão porque ainda não consegui encontrar a mensagem para dar a ela os devidos créditos): que se troque o termo anti-idade por “embelezador da idade”. Não é lindo? Nunca ouvi nada mais apropriado.

Me parece triste usar o procedimento estético para simular o congelamento do tempo, numa tentativa desesperada de não ser transformada pelos anos que passam. Acredito que o equilíbrio é uma boa forma de envelhecer. Mas essa sou eu, o caminho que escolho para mim. Mais uma vez, insisto: não faz sentido destruir um padrão para colocar outro no lugar. A sua forma de envelhecer é você quem escolhe. E ponto final.

No tapete vermelho da última edição do Festival de Cinema de Cannes, as atrizes Andie McDowell, Viola Davis, Julianne Moore, Julia Roberts, Helen Mirren e Sharon Stone, a cantora Carla Bruni e a modelo Naomi Campbell, todas acima dos 50, colocaram a beleza madura em destaque, cada uma a seu modo: cabelos tintos ou naturalmente brancos, rugas à mostra ou peles mais lisas, batom escuro ou claro, maquiagem discreta ou mais teatral. 

Assistir à diversidade também na maneira de encarar o envelhecimento talvez seja o mais bonito disso tudo. E escrevo isso feliz da vida, com o meu cabelo branco todo penteado pra cima. Que nem a minha tia. 

Cris Pàz é colunista do Dia de Beauté, onde publica mensalmente sobre beleza e longevidade. Publicitária premiada e escritora com oito livros publicados, ela nasceu em 1970 e é uma das precursoras da produção de conteúdo digital no Brasil. Colunista da rádio BandNews FM de BH, comanda o podcast 50 Crises (entre os destaques de 2020 no Spotify Brasil) e traz novos olhares sobre saúde mental, protagonismo feminino, maternidade, moda e longevidade por meio de suas redes e palestras.

{Fotos: Stephane Cardinale – Corbis/Corbi, Mike Coppola, Cindy Ord/MG22/Getty Images e reprodução Instagram @eucrispaz, @violadavis, @juliannemoore e @sharonstone}

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