Faço parte do grupo de pessoas convictas de que delineador é lindo e incrível, mas só nos outros. Por muitos anos achei que corrigir minhas pálpebras caídas era um dado de realidade: seria só uma questão de tempo para que eu tivesse coragem de partir para uma cirurgia estética que me desse o formato de olhos… padrão, essa palavra que a cultura grudou no meu vocabulário.

Isso começou a mudar depois que vi uma exposição da incrível fotógrafa Claudia Andujar no Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Ela é uma figura importantíssima na luta pela preservação do povo Yanomami, e faz do seu trabalho uma janela sensível para a realidade indígena. Talvez pareça bobo para quem lê, mas foi ao ver aquela população nas fotos, com seus olhos caídos, que reconheci o valor dos meus traços – tenho ascendência indígena na família, o bisavô do meu pai era índio, de uma tribo do interior do Paraná. Histórias familiares dizem que vêm daí meus cabelos muito pretos e grossos, os olhos pequenos e também elas, as pálpebras caídas.

Esse texto da Vic aqui no Dia de Beauté sobre autoaceitação também me fez refletir muito sobre minhas características. Lá ela fala sobre a falta de peito, mas mais do que isso: sobre não enxergar diferenças como defeitos. Afinal, uma diferença não é o oposto (em valor) de uma qualidade – as vezes a gente enxerga um defeito como uma “qualidade ao contrário”, como se tivessem o mesmo peso, em sentidos opostos. Pensar em sair desse binarismo de qualidade X defeito está me abrindo portas rumo a um olhar mais gentil sobre mim mesma.

Foi assim que usei o primeiro gatinho da minha vida, e venho hoje dizer para vocês, moças que também têm pálpebras caídas que, sim, é possível. E mais do que isso: em apenas três passos, que a Jessica me ensinou e trago aqui para vocês com a alegria de quem abriu mais uma porção de possibilidades para brincar de se maquiar.

1 . Comece pela ponta do gatinho

“Com os olhos abertos, olhando para a frente, comece a traçar o risquinho que você deseja de um lado, depois do outro. É aí que quem tem olho caído vai entender onde vai ficar o traço – se você faz com os olhos fechados, com a pele esticada, depois o traço não vai aparecer”. Mais garantia ainda de sucesso é traçar de fora para dentro, ou seja, começando onde e na angulação que você deseja para seu gatinho.

2 . Fazer um “carimbo” no meio do olho

“Essa é uma segunda marcação, um risquinho no meio do olho, para sinalizar de onde eu vou puxar o risco do gatinho que foi feito antes. Essa você pode fazer com o olho fechado”

3 . Preencher

“Aí ficou fácil, é só ligar as duas pontas!”

E aí, quem vai se animar também? Depois me contem!